As pessoas querem ser especiais. e o mais difícil, querem que outros a tratem como especiais. Não percebem que todos podem ser importantes. E ainda há os que dizem que se todos são especiais ninguém o é. E esse é o ponto.
Existe um vazio interno que nos compele a exigir reconhecimento. Acho isso um tanto triste. Devia-se ter capacidade de perceber-se o quanto cada um é importante e tem potencial para ser fundamental e único no mundo. Cada pessoa é um universo a ser conhecido e ampliado. Cada ser humano é capaz de tocar a um outro de uma forma sem precedentes e sem imitações.
Cada um possui dentro de sua complexidade o lindo que será cativante.
O que seu interior o conduz a fazer é o que o fará mais feliz independente do resultado.
Quando se tem essa certeza, somada ao conhecimento de suas capacidades ( não as que acha que tem, mas aquelas que o conduzem a realizações) e ao contacto com a riqueza de sua essência consome-se a necessidade de sermos especiais.
Já nos percebemos como peças do mundo e fica-se claro que existimos por uma razão. Que já estamos a fazer diferença. E quando livramo-nos do anseio de reconhecimento ganhamos liberdade. Que é poder.
Ficamos com mais possibilidade de acção, ampliamos nossa autenticidade, criatividade e alegria de viver.
Lógico que sempre uns farão mais diferença e sempre se tornarão mais queridos, ilustres ou bem sucedidos.
Essas são pessoas que acreditaram nelas mesmas ou tiveram alguém que acreditou nelas. Isso faz toda a diferença. As pessoas compram a imagem que é vendida para elas.
Esse grito por louros é tão enraizado nas pessoas que as torna manipuláveis.
Basta que alguém as diga o que querem ouvir e já se baixa a guarda pelo prazer de se receber elogios e o tão aguardado lugar ao sol.
Como aqueles idiotas não perceberam antes?
Acho também lindo quando se tem uma razão importante para se aproximar de alguém.
Mas é imaturidade esperar que o que torna alguém especial num determinado momento, ou época ofusque eternamente o brilho de todas as demais pessoas.
Há que ser seguro o suficiente para se perceber que tudo no mundo é (passível de) mudanças e que as pessoas podem ser interessantes pelos mais diversos motivos. Imagino que perca-se milhares de amizades, empregos, relacionamentos e até oportunidades de se assistir a um bom filme, que poderia ter sido enriquecedor, bonito, aconchegante, pleno de trocas só pela espera de algo fora do comum.
Quando na verdade tudo que é olhado com olhos penetrantes pode ser impressionante.
Perdemos liberdade e lucidez.
Queremos ser especiais mas não sei o quanto somos capazes de perceber o quanto cada pessoa a nossa volta é especial.
Devíamos, antes, aguçar nossa sensibilidade a descobrir o que torna único cada amigo, cada pessoa querida, cada pessoa que conhecemos.
E já seria um excelente exercício para trazer a tona nossos próprios tesouros.
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