sexta-feira, 29 de julho de 2011

Cinza


Cada vez mais fico convencido que nos ensinam mentiras sobre os opostos. Dizem que quem é bom, nunca é ruim. E que quem é disposto não se cansa nunca. Claro que colocado dessa forma todos diriam: Que absurdo, óbvio que não é assim.
Como se fala na bíblia o homem não podia comer o fruto do conhecimento do bem e do mal. O resultado é que ficamos presos na dualidade e isso interfere seriamente na nossa percepção da realidade e das pessoas à nossa volta.

Quando conhecemos uma pessoa só nos sentimos seguros em relação a ela depois de colocar uma etiqueta de legal, boa e interessante ou feia, invejosa e mesquinha.

Assim sabemos se devemos nos afastar ou nos aproximar dela. Mas o mundo e principalmente o ser humano, não são simples assim.

Nós mesmos, quantas vezes nos sentimos mal ou fazemos algo que sabemos que deveríamos evitar?

Essa segurança que sentimos ao etiquetar as pessoas o mais rápido possível é falsa e nos é prejudicial.

Qualquer análise precipitada de algo complexo como um ser humano tem chances enormes de ser superficial e o pior é que embasamos nosso relacionamento futuro no que vemos nos primeiros momentos ou nos primeiros dias.

Lógico que ajuda termos uma ideia da pessoa com quem estamos lidando mas o comum é que condenemos a pessoa a ficar longe de nós, caso não gostemos na primeira olhada, ou caso gostemos, nos condenemos a ficar perto da pessoa.

Poderíamos simplesmente entender que as pessoas são mesmo ricas em sentimentos, pensamentos, humores e dar-lhes e até mesmo dar-nos mais tempo antes de ter uma decisão pronta sobre elas.

Assim enriqueceríamos nossas relações, por exemplo, com mais atenção. Por que ficaríamos sempre atentos ao que nosso interlocutor tem a nos oferecer, estaríamos sempre colhendo informações que nos ajudassem a lidar com ele e com as demais pessoas à nossa volta sem cair naquela hipnose que algumas pessoas se prendem ao conversar.

E essa atenção a mais seria fortemente sentida pela pessoa que nos ouve e isso deixaria as amizades mais bonitas, os namoros mais apaixonados e as relações de negócios mais produtivas.

E nos faria ver que as mesmas pessoas que em alguns momentos podem nos magoar são aquelas que em outros nos fazem sorrir.

E assim quando decidíssemos nos aproximar mais de uma pessoa essa escolha seria feita de uma maneira muito mais lúcida e com mais razão para tanto. Claro que isso nunca impediria aquela sensação de identificação a primeira vista, pelo contrário, até a reforçaria, pois como estaremos mais atentos às pessoas a nossa volta, quando sentíssemos vontade de nos aproximar ou de nos afastar de alguém, confiaríamos mais em nossa intuição.

Essa também é uma forma de não deixarmos entrar no automático nossos relacionamentos com as pessoas, pois isso é uma das maiores fontes de riquezas que podemos possuir em nossas vidas.

Por isso precisamos saber que nossa vida não pode ser trabalhar para comprar comida e comer para ter forças para o trabalho.

Temos que dedicar algum tempo ao nosso aprimoramento pessoal, ao despertar dos nossos sentidos, a um treinamento de uma forma melhor de nos relacionarmos com o mundo.

Escolha sua forma de aprender a se perceber, a se curtir e conseguir fazer isso com o mundo a sua volta.

Algo desafiador, que respeite seus limites, mas vá desfazendo-os pouco a pouco. Algo que torne seu corpo e seus sentidos mais vivos, que o ensine a lidar com suas emoções.

Isso fará com que estejamos realmente próximos das pessoas, nos tornará capazes de ouvir e assimilar o que falam e aumentará nosso contato com aqueles que queremos e nos protegerá de gente menos interessante. Passamos a nos relacionar melhor com aqueles que não queremos como amigos pois não mais os veremos como ameaças e as amizades e a vida se tornam mais profundas, verdadeiras e gratificantes.

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