terça-feira, 8 de novembro de 2011

Partilhar

Queridos todos,

Hoje pensava porque me dá tanto prazer partilhar com aqueles que amo. Não uma partilha qualquer, mas uma partilha cúmplice que momentaneamente se eterniza.

Confesso que divaguei um pouco na tentativa de explicar essa emoção de prazer associada ao ato. No entanto, no banho, que passo a definir como local ou momento onde proliferam ideias ou insigths com muita abundância e onde também tem água a correr, surgiu-me algo bem direto que decidi também partilhar.
Ilusório ou não, é frequente confundirmos a nossa essência com as coisas que possuímos, com o que fazemos ou sentimos. Ao partilhá-los com alguém é como se por um breve instante, que já passo a explicar porque se eterniza, conseguissemos fazer ou ser parte daquele com quem partilhamos. É como se no ato da partilha "realizássemos"* que ainda pertencemos a esse mundo, carregado de simbolismos e memórias que o outro vivencia. É de encher o coração! Saber que existimos "fora de nós" naquilo que é partilhado e que o outro absorve, com consentimento e cumplicidade. É um espelhar imediato das nossas emoções no outro, um comprovar da reciprocidade de uma emoção que encontra a sua "cara metade" e ganha sentido de existir.
Eterniza-se pela capacidade de parar o tempo e no silêncio proporcionar a troca de sensações, imagens, memórias, sonhos e expectativas impossíveis de relatar. E tudo isto numa simples troca de olhares. Um "sim, eu sei que tu sabes o que eu sei e que eu também sei que tu o sabes" momentaneo mas simultaneamente passado, presente e futuro. Como disse o grande Vinicius de Moraes "que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure".

Um mahá abraço a todos que me permitem partilhar,
Pedro Mar


* realizássemos é usado como um neologismo inspirado no inglês
Este texto foi escrito segundo o novo acordo ortográfico.

1 comentário:

Ná disse...

"Fazer ou ser parte daquele com quem partilhamos."
Adorei Pedro!
A tua partilha também encheu o meu coração.
Beijo