quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Sutilezas (Publicado por Júlia Rodrigues)

Acredito que é de sutilezas que bons relacionamentos se constroem. 
 Creio piamente que são as sutilezas que tornam indestrutíveis as amizades, os namoros, os casamentos, o relacionamento entre pais e filhos, irmãos e irmãs, entre netos e avós… 
 São as demonstrações de carinho, sinceras, mas constantes que alimentam esse carinho ainda mais. 
 Ás vezes este sentimento pode existir, mas se não demonstrado é como se não ocorresse . 
 Sem demonstrá-lo, ele pode-se tornar esquecido; ele pode ser suplantado por outros sentimentos, mais constantes e não tão positivos. 
 Não raramente gostamos muito de uma pessoa, mas convivemos tanto com ela que, pequenos atritos, banais e diários, acabam sendo mais constantes do que o carinho demonstrado. 
 No fim de ano, nos aniversários, em datas convencionadas é que percebemos mais isso. É quando vamos escrever os cartões, comprar os presentes e sentimos que não conseguimos nos expressar bem que nos damos conta… Parece que não há cartão tão querido ou presente perfeito para representar o que sentimos… E realmente não há… 
 Mesmo que tenhamos o maior carinho do mundo por alguém, expressá-lo só em uma data convencionada soa oco, parece falso, mesmo que não seja… 
 O medo de artificialidade ou de cair no lugar comum é por que essa expressão não deveria ter data para acontecer… 
 Achei lindo quando vi a figura acima, um pacote de lanche comum, cotidiano, completamente corriqueiro, mas pintado por alguém…para alguém… Imaginei a felicidade de uma criança abrindo sua lancheira e vendo seu sanduba com uma carinha feliz, ou uma avó recebendo numa segunda-feira bem comum flores e um cartão…são essas coisa que fazem emocionar…são essas coisas que nos fazem PRESENTES. 
 Lembro que minha mãe, ao invés de me acordar com despertador para ir para a escola, deixava ao lado da minha cama uma caixa de música tocando…tenho-a até hoje… Lembro da minha avó que… quando mudei de colégio e não queria ir para a aula, pendurou por algumas semanas em sua varanda, que estava no trajeto da escola, uma faixa de lençol, pintada “bom dia Júlia” ou “boa aula, neta querida”…eu ia para a aula só para ver o que minha avó tinha escrito… 
 lembro do meu pai fazendo café preto para mim e levando na cama, no sábado, com gibis e revistas que tinha comprado… de um namorado me esperando na frente de um teatro com um girassol gigante, porque dias antes havia dito que gostava…lembro de receber de um amigo um livro, sem data especial, só porque ele havia lido e pensado em mim… 
 Incontáveis foram os dias que recebi, de surpresa, da mesma pessoa, flores no meio de meu trabalho…incontáveis vezes em que as PESSOAS se tornaram PRESENTES. 
 Sou dessas, bem comuns, que ao receber de natal, ou de aniversário, ou em alguma festividade um presente comprado às pressas vai pensar “não precisava”… mas isso não quer dizer que eu não quisesse essa pessoa, que me deu o presente, bem presente. 

 Originalmente publicado em http://juliarodrigues.com/sutilezas/

1 comentário:

Zuliett disse...

Ahhh! Que feliz! :)